Membro da "geração de ouro" da base do Palmeiras, o lateral-esquerdo Esteves busca seu espaço no elenco comandado por Abel Ferreira.

Atuando como ala e como meia pela esquerda, o garoto de 20 anos vem recebendo chances e, na última quarta-feira, foi titular no empate por 1 a 1 com o São Bento, pelo Campeonato Paulista.

Em entrevista ao ESPN.com.br, ele relembrou o início de sua carreira e contou que foi dispensado do São Paulo.

Em uma divertida conversa, Esteves ainda contou histórias de bastidores de Abel Ferreira e gargalhou ao lembrar uma resenha hilária do colega Gabriel Menino.

"Da molecada da minha geração, o mais figura é o Gabriel Menino. Ele é muito louco (risos)! Teve um jogo na base que ele parou para olhar a asa do avião que estava passando (risos). Ele é muito resenha", divertiu-se.

Segundo o lateral, até mesmo o técnico do sub-20 palmeirense, Wesley Carvalho, riu da reação de Menino.

"Teve a parada técnica e o Wesley estava falando com a gente. Ele viu que o Gabriel estava distraído e gritou: 'Menino!'. O Gabriel estava olhando para o alto, e o Wesley berrou de novo. Aí o Menino solta essa: 'Eita, olha o tamanho da asa daquele avião! (risos)'. Todo mundo começou a rir, até o Wesley! Não tinha nem como falar nada depois disso (risos)", gargalhou.

Confira os melhores trechos da entrevista com Esteves:

DISPENSA DO SÃO PAULO

Nasci em Osasco, na grande São Paulo. Comecei no terrão e, aos 7 anos, fui para a escolinha do São Paulo. De lá, fui para Cotia, onde comecei a carreira. Fui em busca de um sonho.

No início, enfrentei muitas dificuldades, como tantos jogadores, como pegar vários ônibus para ir treinar, não tendo uma condição financeira boa. Muitas vezes, minha mãe saía correndo do serviço para me levar para o treino. Procuro sempre lembrar de tudo o que passei e usar como motivação para sempre me entregar e dar meu melhor.

No São Paulo, joguei com Antony, Helinho, Luan, Igor Gomes, Militão... Acabei dispensado de lá porque teve uma grande mudança de treinadores. Chegou um momento que não me quiseram mais.

Aí eu vim para o Palmeiras, aos 14 anos. Foi algo muito bom para minha vida e carreira. Aqui, conquistei vários títulos na base e cheguei ao profissional.

SUCESSO NA BASE DO PALMEIRAS

Quando cheguei ao Palmeiras, pude conhecer muitos jogadores que hoje estão no profissional. Pude ver também o Gabriel Jesus, que desde a base já era muito falado. Eu peguei essa fase de reconstrução e reformulação da base, e tive o privilégio de fazer parte de um elenco muito vitorioso.

Lembro que, no Mundial de Clubes sub-17, errei um pênalti na semifinal. Fiquei meio triste e abalado, mas, logo em seguida, fiz o gol do título da Copa do Brasil sub-17. Depois, vencemos Brasileiro, Copa Santiago, Copa RS, Paulistão...

Em 2019, em fiz a pré-temporada com o Felipão, que depois me chamou para o profissional. Agradeço muito por ele ter aberto as portas para hoje eu poder estar com esses jogadores.

O JOGO MAIS MARCANTE

Minha estreia pelo profissional foi contra a Ponte Preta, no Paulistão de 2019. Eu estava no banco junto com mais dois meninos. O Felipão me chamou e passou um filme na minha cabeça, de tudo o que eu tinha passado na vida até aquele momento. É algo que vou lembrar para sempre e ser eternamente grato por essa oportunidade.

Mas o jogo mais marcante foi contra o Ceará, pelas oitavas da Copa do Brasil 2020.

Eu estava voltando de duas lesões seguidas. Ali, eu senti muito mais confiança em mim e no meu corpo. Considerado essa partida muito importante, porque foi o jogo que nos classificou às quartas-de-final.

MUDANÇA DE POSIÇÃO E INSPIRAÇÕES

Eu era meia no São Paulo, mas, assim que cheguei ao Palmeiras, virei lateral-esquerdo, entrando no decorrer dos jogos. Joguei o resto da base toda como titular na lateral.

Sempre me inspirei no Zé Roberto e no Diogo Barbosa. Hoje, me inspiro muito no Viña. Ele é um jogador novo, mas que me dá muitos conselhos e me ajuda muito no que pode. Ele é minha referência.

Procuro sempre escutá-lo, porque ele é muito novo, mas já é titular da seleção uruguaia, que é uma equipe muito forte. Ele procura me ajudar muito, pede para eu ter paciência e sempre treinar firme.

O Viña trabalha comigo depois dos treinos e a gente pratica vários fundamentos, como cruzamentos. Isso é para que, quando ele estiver ausente e eu tiver uma chance, tenha maior possibilidade de ajudar o Palmeiras.

'ABEL HOJE PARECE TORCEDOR DO PALMEIRAS'

O CHORO DO PAI NA LIBERTADORES

Todos os meninos da base jamais estariam que, já em 2020, a gente estaria disputando Libertadores, chegando na final e conquistando o título. Foi algo muito marcante.

O mais gratificante foi ver nossa molecada jogando nas partidas decisivas da Libertadores e na final da Copa do Brasil. Isso é muito importante para o nosso crescimento. Estamos abrindo as portas para os mais novos, que estão chegando agora.

A Libertadores foi a competição mais marcante para todos nós, porque tinha torcida e até meu pai estava lá. Pude comemorar o título abraçado com ele, que é palmeirense fanático. É algo que ficará marcado por toda a minha vida.

Ele chorou até uns três dias depois do título (risos). Lembro que, lá no Rio de Janeiro, quando ele me abraçou a começou a chorar, eu também desabei. Foi algo absurdo e muito gratificante para nós.

Agora, nós, os garotos, queremos poder estar no futuro em uma final mais uma vez. Consideramos que foi uma ótima experiência e queremos ir de novo!

AS LESÕES RECENTES

Agora estou bem melhor. Venho tendo sequência de jogos e creio que estou evoluindo a cada partida. Sinto-me mais confiante e acho isso muito importante. Procuro no dia-a-dia melhorar nos treinos e nos jogos para ajudar a equipe.

Minha forma física também melhorou bastante. Eu vinha de duas lesões no posterior, que é uma das piores para os jogadores de futebol. Agora, estou na minha melhor forma e procurando evoluir cada vez mais.

Faço sempre treinos a mais com o pessoal do clube e estou com suplementação para melhorar mais. Acho que, para minha posição, isso é muito importante.

O SONHO NO PALMEIRAS

Meu sonho sempre foi chegar ao profissional e conquistar títulos. E conseguimos a Tríplice Coroa!

Agora, meu próximo sonho é me tornar ídolo desse clube enorme e dar muitas alegrias aos torcedores. Por isso, sempre entro em campo com muita dedicação.

AJUDA A PROJETO SOCIAL

Eu procuro sempre ajudar o 'Projeto Vila Conceição' da melhor forma, porque foi onde tudo começou para mim.

Antes, era um campo de barro, e hoje tem grama sintética. Mas só tem uma pessoa que ajuda, que é o treinador. Até hoje ele me dá muitos conselhos, é uma pessoa que escuto muito.

fonte: espn.com.br