Revelação do Santa Cruz, André tira de livros lições para futebol: "Depois que comecei, não parei"

andré 220920Em primeira temporada como profissional do Tricolor, volante se destaca e relata ensinamentos do que lê; escritos sobre Klopp, Michael Jordan e Guardiola estão entre referências

 

Foi na comunidade São Luiz, na Zona Sul de São Paulo, que o volante André atravessou os piores momentos. Em meio à rotina de sérias restrições alimentares, em que a única refeição do dia era a oferecida na escola, ele perdeu a casa em um deslizamento. Em um intervalo de cinco anos, no entanto, o futebol reconstruiu a sua vida. Após se destacar na Copa São de Futebol Júnior deste ano, virou titular do Santa Cruz e ganhou destaque. Nessa reviravolta, ele ganhou um aliado para superação dentro e fora dos gramados: os livros. André joga com inteligência

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- O livro me ajudou demais, o poder que um livro tem perante uma pessoa é gigantesco. Depois que eu comecei a ler, lá em 2014, em 2015, eu não parei. Se parar para contar, eu já li diversos livros, mais de 40 - afirma o atleta de 20 anos.

 

Foi assim que André passou a levar as palavras escritas para dentro de campo. Aprendeu com a biografia de Jürgen Klopp, técnico alemão do Liverpool campeão inglês e da Liga dos Campeões. Também absorveu os ensinamentos do espanhol Pep Guardiola, hoje no comando do Manchester City.

- Ele [Guaridola] tem um jeito de jogar muito diferente. Ele prefere um jogador magro, franzino, mas que pensa rápido. Ele mesmo fala que futebol não se joga com os pés, se joga com a cabeça. Os pés são uma ferramenta. Tem que fazer a primeira ação pensando já na segunda - observa.

André também foi buscar no livro do Michael Jordan, considerado o maior jogador de basquete da história, teorias para os primeiros treinamentos como jogador.

- O livro de Jordan fala muito sobre resiliência. Fala o quanto que ele já errou diversos lances livres, o último arremesso ele errou várias vezes e, por isso, que ele é o melhor, porque ele nunca desistiu.

Hoje, para onde vai, André carrega um caderninho de anotações com estudos sobre os adversários que vai enfrentar e faz uma análise dos próprios desempenhos dentro de campo.

- Eu sempre tento anotar quantos passes eu errei, aqui eu roubei três bolas no oito contra oito. Para minimizar os erros. Quanto menos eu puder errar, melhor.

 

Assim, com a ajuda dos livros e dos estudos, André superou o drama que viveu na infância. Além da fome e da perda da casa, teve que driblar as ofertas para entrar no mundo das drogas. Na próxima segunda-feira, contra a Jacuipense, pela Série C, completará 20 jogos como profissional do Santa Cruz. Uma trajetória que daria um livro.

- Eu vou continuar e aumentar o tanto de estudos que eu tenho feito.

fonte: globoesporte.globo.com